quinta-feira, 26 de julho de 2007

Veste felicidade

Essa tal felicidade é roupa que não me cabe
Sempre fica com as mangas curtas,
a gola desajeitada aperta meu pescoço.
Não fecha os botões na altura do peito
Ah... quem disse que tenho que vestir isso?
Felicidade é moda, e moda de gente besta!
E piora é quando temos que vestir a que veio
De algum brechó!

Vc não tem coitadinha?
Então, é usada, tome a minha,
mas praticamente está novinha!

Faça-me o favor!
Não tem caimento!
A trama do tecido é áspera,
E tem cheiro de gasto,
naftalina, traça!
Felicidade dos outros não é a nossa!
E na verdade escondida em armários úmidos,
Não sabemos se é a deles também.
Felicidade não está em vitrine
Nem em cabide pendurada.
Essa tal, eu a recuso, passo frio.
E não desfilo na avenida da vida vestindo-a.
Prefiro ficar nua, em trapos
Que tingiram de tristeza.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Desabafo

Hoje estou fruta de amarrar a boca!
Até o vento me agride,
esbofeteia minhas narinas,
não tenho tempo de respira-lo,
entra... entra... entra...
como soro em veia doente.
Sufoco-me.
Tem dias que acordamos
com alma de vampiros
Hoje o céu está mais claro,
mas não me faz sorrir.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Pimentas

Adoro observar pimentas.
Percebeu como são belas?
Experimenta?
Não, sei que esquenta.
Sua beleza é misteriosa,
Nunca as provei.
Vermelhas, picantes,
Comida do Tal!
Experimenta?
Obrigada, me fazem mal.
Penso que viciam.
As belas pimentas? Experimenta?
Não preciso, sei que queima
O meu estomago vesgo!
Um inferno!
Mas pros meus olhos, refresco.
Cada uma com sua perfeita diferença:
Tortas, envergadas, deitadas de ladinho.
As pimentas, bela experiência.
Experimenta?
Não preciso, como os olhos às provo.
Experimenta observar as belas pimentas.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Fruto de toda estação

Donde viria essa mulher?
Viria da terra, a flor do cacto?
Verdeja sua umidade
e envolve as formas a agudeza
do espinho.
Tal Mandacaru, muitos braços,
fixo à terra ardente.
Mulher de alma agreste
e sonhos vazios.
Olhos rasos, não d'agua
dessa sobrou apenas o sal.
E corre em sua veias fortes
o vermelho da terra.
Seu inverno tem
a pino o Sol.
Ferve tal inferno o paraíso.
No fim da tarde dobram
os sinos, dos chocalhos.
As reses é que entoam
o som de fé e religiosidade.
Como o sino das igrejinhas
anunciam
mais um corpo que se curvou
aos pés,
da maravilha esplêndida
que é a vida sertaneja.

Pedro de Sabá

terça-feira, 3 de julho de 2007

Verbos você

E foi assim, primeiro veio o verbo, e verbos, e verbos...
E afogada neles, escrevi de vermelho seus lábios
Ainda não provados em meu espelho.
E era. Sua mão forte que não fraquejava
Quando entregue ao desejo de posse.
Quantas frases jamais imaginadas usavam-nos
Para se manterem vivas nos
Nossos sonhos cheios de pele.
E foi assim.
Senti o quente, quase picante sangue que dilatavam
As veias de seu pescoço e estas
Dançavam freneticamente
Ao pulsar de minha fria respiração.
Calafrios que nunca existiram.
Acabava que meus olhos cerravam-se em meu corado rosto
Imaculado pelo sal sagrado da vida.
E assim o verbo fez o ato e o resto.
Resto que sobrou de mim.

(Dedico ao meu Pequeno Principe)

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Foco é o segredo.

Sei que não sou ninguém pra julgar o próximo, mas tenho que escrever sobre o que vejo por ai. Me sinto quase sufocada se não escrever... e tbém aqui é um lugar todo meu, não estou obrigando ninguém a ler e nem aceitar minhas idéias. Rs.
Mas continuando... Uma das coisas que mais me irrita no semelhante? Pessoas sem objetivo! Não escolhem, não tem alvo e sai por ai atirando para todo lado! E digo isso não só na questão amorosa, a pessoa faz disso sua vida pessoal... faz várias coisas ao mesmo tempo e não termina e nem faz bem nada, nenhuma das suas tarefas.
A maioria parece cega neste mundo abarrotado de informações, pessoas, imagens, vaidades. Não há nada mais lindo do que uma pessoa centrada, ela brilha no meio desta desfocalização de desejos.
É como um prestigiado caçador, ele é considerado bom no que faz quando mira o alvo, um alvo que deseja, uma caça grande, talvez uma onça... sabe o que está fazendo e acerta em cheio e assim leva pra casa o seu troféu, com orgulho... mas imagine outro caçador que pega sua espingarda e sai a atirar desvairadamente, primeiro que a onça vai fugir com certeza, com o primeiro tiro ao léu. Claro que ele vai acertar algo, as chances são grandes porque gastou várias balas. Mas na maioria das vezes será uma presa menor, um coelho no máximo... porque até cervos são mais espertos e rápidos. E será que este cego caçador vai pra casa levando seu coelho com o peito tão estufado quanto o bom atirador? Duvido! Duvido mesmo!
Agora é com você, é só escolher o que vai querer levar pra casa! Pense!

Inreflexões

Quanto que cabe a minha loucura... se é loucura que me faz apaixonar por palavras, somente palavras. Sou tão tola, tão carente assim? Sou sim, e me orgulho por ser humana, não ter vergonha de ser repleta por ilusões, por sonhos e mágica. Mas... que solidão criada me vesti. Fiz de meu cobertor a escuridão do quarto... e lá me esquento de toda frieza deste mundo! Será que somente eu sinto isto? Quantas pessoas se fecham, se trancam e preferem ter como companhia sua própria respiração, que lhe conta como é estar vivo ainda.
Ainda penso que meu erro é pensar demais.
Após eu escrever a um amigo mais ou menos assim " poetas são seres humanos de domínio publico, e que no fim do fim as musas acabam por chorar... " ele me respondeu :
“Poetas, ó triste sonhadores, que quiçá nem musa real as tem, a sua musa é o que permeia a sua palpitante alma, bens de domínio público que com certeza atirariam na fogueira seus mais belos sonetos, quartetos e tercetos pra se esquentar do frio... sua musa é a noite, a música, o anjo, a lua, a infância...sonhar, sonhar...onde estão vós musas... tu és uma musa real! Uma musa de carne e osso que muito tem de poeta-poetisa e sonha também com um “muso”... as musas choram, os poetas choram sangue...as musas são parte dele, ambos sofrem, ambos amam, os poetas as faz existir, as musas os calam dentro do peito e gritam pro mundo inteiro o quanto dói tê-los e não tê-los. Amém. Per saecula saeculorum...”

Lindo o pensamento dele... um pensamento cheio de razões de ser assim.
Que infinita solidão divide nossos mundos, uma solidão optada. Que assim seja!